O que é fungicida sistêmico? Saiba como funciona e conheça os diferentes tipos

A sanidade da lavoura é um dos pilares para a produtividade. No entanto, muitos agricultores ainda enfrentam dificuldades na escolha do defensivo correto e na compreensão de como ele atua no combate às doenças. Um exemplo comum é a dúvida sobre o fungicida sistêmico.
Essas dúvidas acabam comprometendo o manejo da lavoura e a eficiência no controle de patógenos. Para o produto atuar no momento certo e da forma mais eficiente, é essencial entender as diferentes formas de ação dos fungicidas disponíveis no mercado.
Neste artigo, vamos esclarecer o que é um fungicida sistêmico, mostrar os principais exemplos, explicar a diferença entre os fungicidas mesostêmico e sistêmico, apresentar os modos de ação e as vantagens de cada grupo químico.
Tudo isso com o apoio de um infográfico exclusivo que mostra em qual fase da doença cada tipo é mais indicado. Continue a leitura e aproveite o conteúdo completo!
O que é fungicida sistêmico?
O fungicida sistêmico é um tipo de defensivo agrícola que, ao ser aplicado na planta, é absorvido e translocado internamente por meio do sistema vascular. Isso significa que ele não age somente no local de aplicação, mas circula pela planta, atingindo regiões distantes da área tratada.
Essa mobilidade possibilita que o produto atue diretamente nos tecidos em que o patógeno já está presente, inibindo sua multiplicação e, em muitos casos, erradicando-o por completo.
Essa característica torna os fungicidas sistêmicos indispensáveis em cultivos de médio e longo ciclo, como soja, milho, trigo, algodão e café, que estão constantemente expostos à ação de patógenos fúngicos.
Principais características dos fungicidas sistêmicos
Os fungicidas sistêmicos apresentam uma série de propriedades que contribuem para sua eficiência no controle de doenças. A seguir, vamos abordar suas principais características.
Altamente solúveis em água
A solubilidade é um fator determinante para a eficiência do fungicida sistêmico. Por serem solúveis em água, esses produtos conseguem atravessar a cutícula vegetal e entrar nos tecidos da planta com maior facilidade.
Uma vez na planta, a solubilidade facilita o transporte do ingrediente ativo pelos vasos condutores (xilema e floema), permitindo que o produto alcance regiões distantes do ponto de aplicação. Esse movimento interno proporciona proteção em áreas não diretamente pulverizadas, como a face inferior das folhas ou os ramos novos.
A solubilidade adequada contribui também para a rápida absorção e para a menor perda do produto em caso de chuvas, aumentando sua eficiência no campo.
Aplicação foliar ou pelas raízes
Os fungicidas sistêmicos podem ser aplicados tanto nas folhas quanto diretamente no solo, sendo absorvidos pelas raízes. Cada via de aplicação tem uma finalidade específica:
- Via foliar: a aplicação é feita diretamente nas folhas, com absorção pela cutícula e entrada nos tecidos. Ideal para culturas já estabelecidas ou em fases mais avançadas de desenvolvimento;
- Via radicular: o produto é aplicado no solo e absorvido pelas raízes, sendo translocado para as partes aéreas da planta. Esse método é bastante utilizado no tratamento de sementes e nas fases iniciais da cultura.
A escolha da via depende do momento do ciclo da cultura e do tipo de doença a ser combatida. Em ambos os casos, o princípio ativo atinge o interior da planta, onde age de forma precisa e eficaz contra o patógeno.
4 princípios de controle distintos
Os fungicidas sistêmicos se destacam por atuarem em diferentes fases do ciclo da doença, e exercem quatro tipos de controle distintos:
- Preventivo: impede que a doença se instale, proporcionando uma camada de proteção;
- Protetor: inibe a germinação e a penetração do fungo na planta;
- Curativo: age logo após a infecção, mas antes do surgimento de sintomas visíveis;
- Erradicante: atua em doenças já estabelecidas, eliminando o fungo presente no tecido.
A versatilidade possibilita que o agricultor escolha o momento ideal para a aplicação, conforme o avanço da infecção.
Confira, no infográfico a seguir, em qual fase da infecção cada tipo de fungicida sistêmico é mais indicado e otimize sua estratégia de controle.
Ação seletiva
Os fungicidas sistêmicos atuam seletivamente, ou seja, têm como alvo processos metabólicos específicos dos fungos, sem causar danos à planta hospedeira. Isso reduz a fitotoxicidade e preserva o desenvolvimento da cultura.
A seletividade também favorece a ação eficiente mesmo em baixas dosagens, o que contribui para a redução do impacto ambiental e para o uso racional de defensivos na lavoura.
Como agem os fungicidas sistêmicos?
O modo de ação dos fungicidas sistêmicos está diretamente ligado ao seu princípio ativo e à fase do metabolismo fúngico que ele atinge. Entre os principais mecanismos de ação, destacam-se:
- Inibição da respiração do patógeno: impede a geração de energia (ATP) necessária para o crescimento e reprodução do fungo;
- Alteração das atividades celulares: interfere no funcionamento do núcleo e na divisão celular;
- Mudança nas funções da membrana celular: afeta a permeabilidade da membrana e a integridade da célula fúngica;
- Impacto nas funções da parede celular: compromete a estrutura e proteção da célula, levando à sua morte.
Essas ações favorecem um controle eficaz da doença e evitam o avanço do fungo para outras partes da planta.
Principais vantagens de usar fungicida sistêmico
O uso de fungicidas sistêmicos oferece inúmeros benefícios à lavoura. Confira, a seguir, quais são as principais vantagens da aplicação.
Pode ser aplicado quando há presença de doença
Uma das grandes vantagens é a ação curativa e erradicante. O fungicida sistêmico pode ser aplicado mesmo após a infecção já ter ocorrido, desde que não tenha havido avanço dos sintomas.
Essa característica é relevante em condições de clima instável, onde o risco de infecção é alto, e o momento ideal para aplicação pode ser comprometido. O produto penetra na planta e combate o fungo já instalado, reduzindo danos à produção.
Ação preventiva
Além da ação curativa, o fungicida sistêmico pode ser usado preventivamente, impedindo que o fungo se estabeleça. Aplicado antes da infecção, o produto se distribui internamente e não permite que a doença se instale, protege a planta por um período prolongado.
Essa estratégia é recomendada em regiões com histórico de doenças recorrentes ou quando as condições climáticas favorecem o aparecimento de patógenos.
Redução de perdas na lavoura
A proteção da planta desde as fases iniciais até o fim do ciclo reduz consideravelmente as perdas por doenças. O resultado é uma lavoura mais produtiva, com melhor qualidade dos grãos ou frutos e maior rentabilidade para o agricultor.
Quando utilizados corretamente, esses produtos protegem o investimento feito em cada safra.
Qual a diferença entre fungicida sistêmico, fungicida mesostêmico e fungicida de contato?
Enquanto os fungicidas sistêmicos se movem internamente pela planta, os mesostêmicos (ou translaminares) penetram superficialmente no tecido tratado, mas sem translocação vascular. Já os fungicidas de contato permanecem na superfície e agem apenas como barreira protetora.
Tipo de fungicida | Penetração | Translocação | Ação curativa | Ação preventiva |
Sistêmico | Alta | Sim | Sim | Sim |
Mesostêmico | Moderada | Não | Parcial | Sim |
De contato | Superficial | Não | Não | Sim |
A escolha do tipo ideal depende da cultura, da doença-alvo e do estágio da lavoura.
Conheça os tipos de fungicida sistêmico
No campo, cada desafio exige uma resposta específica. Por isso, os fungicidas sistêmicos são divididos em diferentes grupos químicos, com modos de ação e alvos distintos. Entender essas diferenças é essencial para montar um manejo mais estratégico e eficaz.
Estrobilurinas
Inspiradas em substâncias naturais, as estrobilurinas ganharam espaço por sua ação moderna e prolongada. Os principais ativos – azoxistrobina e piraclostrobina – bloqueiam a respiração mitocondrial dos fungos e impedem a produção de energia para o seu desenvolvimento.
Esse grupo se destaca pelo efeito preventivo e pela ação translaminar, protegendo a folha por completo. É ideal para culturas como soja, milho e trigo, principalmente no controle de ferrugens, manchas foliares e oídio.
Carboxamidas
As carboxamidas atuam em um ponto específico da respiração celular, bloqueando o complexo II mitocondrial. Essa ação localizada torna o grupo altamente eficiente no controle de doenças transmitidas pelo solo, no tratamento de sementes e também para doenças foliares.
Sua ação sistêmica moderada, combinada com um bom efeito residual, faz delas uma excelente ferramenta para proteger as plantas desde o início do ciclo. O principal ativo é o bixafem.
Triazóis
Reconhecidos pela versatilidade, os triazóis formam um dos grupos mais utilizados no campo. Eles inibem a biossíntese de ergosterol, comprometendo a integridade da membrana celular dos fungos.
Com alta capacidade de translocação na planta, apresentam amplo espectro de ação e são eficazes tanto na prevenção quanto no controle curativo de diversas doenças foliares.
Seus principais ativos incluem tebuconazol, flutriafol e propiconazol.
Morfolinas
As morfolinas têm fenpropimorfe como princípio ativo, e são usadas principalmente em cultivos que exigem controle específico de oídios e ferrugens. Elas atuam em etapas diferentes da síntese de esteróis, complementando a ação de outros grupos como os triazóis.
Sua ação pode ser preventiva e curativa, o que reforça sua importância em programas de manejo integrado.
Benzimidazóis
Esse grupo é conhecido pela sua potente ação curativa. Compostos com tiofanato metílico e carbendazim agem na divisão celular do fungo, inibindo a formação de tubulina e interrompendo a mitose.
Apesar de eficazes, os benzimidazóis devem ser usados com cautela, pois o uso contínuo pode favorecer o surgimento de resistência. A rotação com outros grupos químicos é fundamental.
Como usar fungicidas sistêmicos?
A eficiência de um fungicida sistêmico começa muito antes da aplicação no campo. Para obter o melhor desempenho do produto e assegurar que ele atue com precisão contra os patógenos, é fundamental seguir um conjunto de boas práticas. Conheça o passo a passo recomendado:
- Identifique corretamente a doença: a identificação do patógeno permite escolher o fungicida mais adequado, respeitando seu modo de ação e grupo químico.
- Escolha o produto certo para o momento certo: avalie em que estágio a doença se encontra: início da infecção, sintomas visíveis ou fase crítica de propagação para definir se será necessário um produto com ação protetora, curativa ou erradicante.
- Observe as condições climáticas antes da aplicação: evite aplicar o produto em dias com vento forte, calor excessivo ou previsão de chuvas nas horas seguintes.
- Utilize EPIs e respeite as orientações do rótulo: use todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) e siga rigorosamente as recomendações da bula, como dose, volume de calda, intervalo de aplicação e tecnologia de pulverização.
- Faça rotação de princípios ativos: alterne entre fungicidas com mecanismos de ação diferentes ao longo do ciclo da cultura. O manejo integrado mantém a eficiência dos produtos.
- Monitore os resultados na lavoura: após a aplicação, acompanhe o comportamento da cultura e o avanço ou recuo da doença.
Conheça a linha de fungicidas da Alta
Para proteger a lavoura com tecnologia e confiança, a Alta Defensivos oferece soluções desenvolvidas com foco em eficiência agronômica, segurança ambiental e retorno produtivo.
Conheça os fungicidas sistêmicos da linha Alta:
- Seven: com ação preventiva e curativa, é ideal para o manejo de doenças em diferentes culturas, protegendo desde os primeiros sinais até as fases mais avançadas.
- Evos: possui formulação moderna com efeito residual prolongado, protegendo a planta por mais tempo mesmo em condições adversas.
Todos os produtos são formulados para ajudar o produtor a alcançar alta produtividade com sustentabilidade, respeitando as boas práticas agrícolas e promovendo um manejo inteligente das doenças.
Confira a linha completa de fungicidas da Alta Defensivos e escolha a melhor proteção para a sua lavoura.
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