Culturas de Verão: principais cuidados pré e pós-plantio

Quando falamos em culturas de verão, estamos nos referindo a um momento decisivo no calendário de quem produz. É nesse período que entram as lavouras de maior peso econômico e, por isso, tudo precisa começar com decisões bem fundamentadas: análise do solo, escolha técnica de sementes, organização do plantio e planejamento integrado de manejo.
A expectativa para a próxima temporada reforça essa importância. A Conab projeta que, em 2025/2026, o Brasil deve colher 353,8 milhões de toneladas de grãos, superando o recorde da safra anterior. É um cenário positivo, mas que exige preparo. Afinal, produtividade não vem só do clima, mas também da forma como se conduz cada etapa da lavoura.
Neste conteúdo, você vai entender o que é a safra de verão, quais são as principais culturas desse período e quais cuidados o produtor precisa tomar antes, durante e após o plantio para ter uma lavoura protegida e uma colheita rentável. Vamos em frente?
Safra de Verão: o que é?
A safra de verão é o principal ciclo agrícola do país. Ocorre entre os meses mais quentes e úmidos do ano (geralmente de outubro a janeiro) e concentra as culturas mais expressivas da agricultura nacional, como soja, milho, arroz, algodão e feijão.
Esse período é marcado por condições ideais de temperatura, umidade e luminosidade, que favorecem o desenvolvimento de lavouras de ciclo longo e alto valor comercial. As semeaduras costumam coincidir com o início das chuvas, e a colheita acontece entre fevereiro e abril, aproveitando ao máximo o ciclo climático.
Mas o que favorece o crescimento também exige atenção. O verão intensifica a pressão de pragas, doenças e eventos climáticos extremos, o que torna o planejamento técnico ainda mais relevante. Escolher bem a janela de plantio, definir estratégias de manejo e organizar o uso de insumos com antecedência são atitudes que fazem diferença no resultado final da safra.
Qual a diferença entre safra de verão e safrinha?
Essa é uma dúvida comum entre produtores na hora de organizar o calendário da propriedade. Embora se complementem dentro do ano agrícola, a diferença entre safra de verão e safrinha envolve aspectos como o clima, o tipo de cultura cultivada e o potencial produtivo.
A safra de verão é a principal. É nela que se concentram as lavouras mais estratégicas do país, como soja, milho (1ª safra), arroz, algodão e feijão. O plantio começa entre setembro e janeiro, aproveitando o pico das chuvas, da temperatura e da luminosidade, condições que favorecem o desenvolvimento pleno das culturas.
Já a safrinha (ou segunda safra) entra logo após a colheita da principal, em especial da soja. O plantio ocorre entre janeiro e abril, com menor volume de chuvas, luminosidade reduzida e maior risco climático. O milho segunda safra é o cultivo mais comum, mas feijão, sorgo e algodão também aparecem em algumas regiões. Como é realizada em um ambiente mais desafiador, a safrinha exige ainda mais estratégia e precisão no manejo.
Quais são as principais culturas de verão
Entre as culturas de verão na agricultura, algumas se destacam pela representatividade no campo e no mercado: soja, milho, algodão, arroz e feijão. Cada uma tem particularidades de manejo, ciclo e exigência técnica. Entenda o papel de cada uma na safra atual e o que considerar para tirar o melhor de cada cultivo.
Soja
A soja continua liderando entre as culturas de verão no Brasil. A Conab projeta para a safra 2025/2026 uma produção de 177,67 milhões de toneladas, um crescimento de 3,6% em relação à safra anterior. O aumento é puxado tanto pela área plantada quanto pela expectativa de boa produtividade em regiões-chave.
É uma cultura que exige planejamento técnico detalhado desde o pré-plantio, porque é altamente vulnerável a doenças como ferrugem asiática e mofo branco, além de pragas como lagartas e percevejos. O uso de sementes certificadas, o tratamento correto e um plano de manejo integrado com defensivos são indispensáveis para proteger o potencial produtivo.
Leia também: como fazer o cálculo de semeadura para o plantio de soja.
Milho
Apesar de mais associado à segunda safra, o milho de verão continua sendo uma escolha importante em diversas regiões, principalmente onde há risco climático mais elevado no outono.
Para a safra 2025/2026, a estimativa é de 138,3 milhões de toneladas, somando as três safras, com um leve recuo de 1% na produção total. Mesmo com aumento da área cultivada, a queda na produtividade esperada se deve ao desempenho excepcional da safra anterior, favorecida pelo clima.
Daí a importância de ajustar o manejo à realidade de cada ano, priorizando cultivares adaptados e estratégias de nutrição e proteção fitossanitária adequadas.
Algodão
O algodão tem ganhado força como cultura de verão, especialmente por oferecer boa rentabilidade e permitir venda antecipada da produção. Para 2025/2026, a expectativa é de crescimento de 3,5% na área plantada e produção recorde de 4,09 milhões de toneladas, mesmo com produtividade estável.
É uma lavoura que exige alto investimento técnico: solos bem estruturados, escolha criteriosa de cultivares, controle rigoroso de pragas como o bicudo-do-algodoeiro e atenção constante ao manejo de herbicidas e fungicidas. A eficiência das aplicações e o acompanhamento técnico fazem toda a diferença na viabilidade da cultura.
Arroz
O arroz continua sendo essencial em regiões específicas, principalmente no Sul. No entanto, a área cultivada deve cair de 1,76 milhão para 1,66 milhão de hectares, reflexo do excedente de oferta em 2024/2025 e da queda nos preços do grão.
Além da menor área, espera-se uma redução de 4,8% na produtividade média nacional, o que reforça a necessidade de manejo mais eficiente para manter a rentabilidade.Aqui, entram escolhas mais técnicas no preparo do solo, uso de sementes adaptadas e controle de custos com insumos sem comprometer a proteção da lavoura.
Feijão
O feijão é uma das culturas mais tradicionais da agricultura brasileira, com produção voltada principalmente para o consumo interno. Para 2025/2026, a estimativa é de 3,1 milhões de toneladas, volume suficiente para atender à demanda nacional, segundo a Conab.
Por ter um ciclo curto (algumas variedades podem ser colhidas em 70 a 90 dias) o feijão é uma excelente opção como cultura de verão ou até mesmo como segunda safra em determinadas regiões. No entanto, é uma cultura sensível a variações de clima e exige um manejo cuidadoso para atingir boa produtividade e qualidade dos grãos.
Acesse o nosso guia sobre como plantar feijão: conheça dicas de manejo e a época ideal para plantio.
Culturas de verão: principais cuidados antes do plantio
O sucesso de uma lavoura começa muito antes do plantio. No caso das culturas de verão, esse cuidado inicial é ainda mais importante. O clima quente e úmido favorece o crescimento das plantas, mas também amplifica os riscos: pragas, doenças e falhas no manejo podem impactar o potencial da safra desde os primeiros dias.
A engenheira agrônoma Larissa Guzzo Teixeira, que faz parte do departamento de Marketing Estratégico e Portfólio da Alta Defensivos, orienta que, “antes do plantio, é importante realizar a análise do solo para identificar e corrigir deficiências nutricionais. Um bom preparo do solo, aliado ao controle prévio de plantas daninhas, favorece o estabelecimento da cultura e reduz a competição inicial”.
Larissa também destaca a importância de escolher variedades adaptadas às condições da região e planejar, quando necessário, o manejo de irrigação e drenagem – práticas que contribuem para um arranque mais vigoroso e para o melhor desempenho produtivo ao longo do ciclo.
Confira outros pontos de atenção que devem anteceder o plantio das culturas de verão:
Fique atento à época certa de plantio
Escolher a janela ideal de plantio é uma das decisões mais críticas da safra. Embora o verão ofereça condições naturais favoráveis, ele também traz variações climáticas que podem afetar o desempenho das lavouras, como os períodos de veranico ou o excesso de chuva.
Em geral, o plantio vai de outubro a dezembro, mas a definição exata deve considerar a região, o tipo de solo, o ciclo da cultura e as previsões climáticas. Ferramentas como o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) ajudam a identificar os períodos mais seguros, evitando riscos desnecessários.
Da mesma forma, é preciso pensar no ciclo completo: se haverá segunda safra ou plantio de cobertura após a colheita, a época de plantio deve ser ajustada para não comprometer as fases seguintes do planejamento agrícola.
Selecione sementes de qualidade (e fique atento à variedade de cultivares)
A escolha da semente é um investimento que define o rumo da lavoura. Optar por sementes certificadas, com alta germinação e adaptadas ao clima local aumenta as chances de uma lavoura vigorosa e resistente.
Hoje, há uma ampla oferta de cultivares com perfis variados, desde materiais com ciclo mais curto até sementes com maior resistência a doenças, tolerância à seca ou melhor resposta a diferentes manejos nutricionais. E isso vale para todas as culturas que tratamos aqui: soja, milho, feijão, arroz e algodão.
Outro ponto importante é o tratamento de sementes ainda no pré-plantio. A aplicação de fungicidas, inseticidas e inoculantes protege o estabelecimento inicial da lavoura, reduzindo perdas por doenças de solo ou ataques de pragas nos primeiros dias após a emergência.
Adquira os insumos necessários para a safra de verão
Antecipar a compra dos insumos é fundamental para garantir disponibilidade, melhores condições comerciais e eficiência no planejamento da aplicação. Não se trata só de adquirir os produtos, mas de estruturar um plano técnico de uso, adequado à cultura e à realidade da propriedade.
As culturas de verão têm perfis distintos de exigência. A soja, por exemplo, concentra quase metade do volume de defensivos aplicados no Brasil. Milho e algodão também requerem atenção especial, com necessidade de controle mais intensivo de pragas e mato-competição.
Além dos defensivos tradicionais — herbicidas, fungicidas e inseticidas — vale incluir no planejamento produtos como bioinsumos, adjuvantes, reguladores de crescimento e inoculantes, que aumentam a eficiência do manejo e ajudam a preservar a sanidade da lavoura ao longo do ciclo.
Prepare o maquinário
Não adianta ter um bom plano se o maquinário não estiver pronto para executá-lo. Antes do início da safra, é preciso fazer uma revisão completa dos equipamentos, em especial aqueles envolvidos no plantio, na pulverização e na colheita.
A manutenção preventiva deve ser feita na entressafra, com atenção especial à calibragem de semeadoras, regulagem de dosadores, verificação de bicos de pulverização, sulcadores e sistemas de distribuição.
Esses detalhes garantem precisão nas operações, economia de insumos e melhor aproveitamento das janelas climáticas, fatores decisivos em uma safra curta e de alta intensidade como a de verão.
Dicas de manejo para culturas de verão após o plantio
Com a semente no solo, começa a etapa mais dinâmica da lavoura: o manejo em tempo real. As culturas de verão se desenvolvem rápido e necessitam de atenção constante às condições do clima, sanidade da planta e nutrição do solo.
Mesmo com um bom início, a lavoura pode perder rendimento se não houver monitoramento técnico eficiente. A seguir, veja os principais cuidados para manter o potencial produtivo até a colheita.
Fique atento à temperatura e incidência de luz solar
A alta luminosidade é fundamental para o desenvolvimento das culturas de verão, mas o excesso de radiação e calor é prejudicial, principalmente após a fase de florescimento. Em dias de sol forte e temperatura elevada, é comum observar problemas na formação dos grãos.
Por isso, o manejo deve considerar:
- Cultivares mais tolerantes ao estresse térmico;
- Estratégias para garantir boa disponibilidade de água no solo;
- Práticas que favoreçam o enraizamento profundo, como adubações equilibradas e uso de bioestimulantes.
Ajustar o calendário de plantio para evitar as fases mais sensíveis da cultura nos picos de calor extremo também é uma decisão estratégica.
Monitore também as chuvas e possíveis tempestades
As chuvas de verão são essenciais, mas o volume e a intensidade muitas vezes vêm acompanhados de riscos. Tempestades, ventanias, granizo e períodos de chuva excessiva podem causar acamamento, perda de produtividade e até inviabilizar o manejo.
A previsão climática para a safra 2025/2026 indica o retorno do La Niña, o que pode significar distribuição irregular das chuvas em várias regiões. Por isso:
- Use dados meteorológicos atualizados para tomar decisões rápidas;
- Prefira cultivares mais resistentes ao acamamento;
- Organize a lavoura de forma que os estágios mais sensíveis não coincidam com os períodos críticos de instabilidade climática.
Utilize plantas de cobertura para evitar terra encharcada
Em áreas com histórico de excesso de chuva, o solo encharcado prejudica a oxigenação das raízes e facilita o surgimento de fungos e outras doenças. A melhor forma de prevenir isso é com o uso de plantas de cobertura que promovam drenagem, estruturação do solo e equilíbrio da umidade.
As mais indicadas para o verão são:
- Milheto;
- Capim sudão;
- Mucuna;
- Crotalária;
- Feijão-de-porco.
Essas espécies crescem rápido, cobrem bem o solo e ainda contribuem com matéria orgânica, descompactação e controle natural de plantas daninhas. São ideais para sistemas de plantio direto ou rotação de culturas.
Faça planejamento prévio da colheita
A colheita não é só a última etapa, é uma fase estratégica, que também precisa ser bem planejada desde o início do ciclo. Acompanhar o desenvolvimento da cultura e ajustar o cronograma conforme o ponto de maturação e as condições climáticas ajuda a preservar a qualidade dos grãos.
Alguns cuidados são importantes:
- Garanta que o maquinário de colheita esteja revisado;
- Organize a mão de obra e a logística de transporte com antecedência;
- Avalie a capacidade de armazenamento, principalmente para culturas como soja, milho e feijão, que são sensíveis à umidade.
Colher no tempo certo evita perdas por deterioração, melhora a classificação do produto e pode significar ganhos reais na comercialização.
Dica final: garanta a proteção da sua lavoura com a Alta
Nenhum planejamento, por melhor que seja, resiste sem uma boa proteção no campo. Altas temperaturas, umidade intensa, pressão de pragas e doenças — tudo acontece ao mesmo tempo. É por isso que a proteção da lavoura precisa ser pensada desde o início e adaptada à realidade de cada cultura.
A Alta Defensivos oferece um portfólio completo de herbicidas, fungicidas e inseticidas, desenvolvidos com base nas exigências específicas das principais culturas de verão: soja, milho, algodão, arroz, feijão e muitas outras. São soluções eficazes, formuladas com tecnologia de ponta e pensadas para entregar resultado no campo — do pré-plantio até a colheita.
Além dos produtos, a Alta oferece suporte técnico, agilidade logística e formulações adaptadas aos diferentes sistemas produtivos, ajudando o produtor a tomar decisões seguras e proteger sua lavoura com confiança.
Mais do que defensivos, a Alta entrega proteção real para o seu investimento: conheça as soluções ideais para a sua próxima safra.
Perguntas comuns sobre culturas de verão
Se você chegou até aqui, já sabe que as culturas de verão na agricultura envolvem uma série de decisões. Caso tenha restado alguma dúvida, confira a seguir as respostas para as perguntas mais comuns entre os produtores que estão se organizando para esse período tão importante do calendário agrícola.
Quais são as culturas de cobertura de verão?
As plantas de cobertura para a safra de verão protegem o solo, melhoram a estrutura física, aumentam a matéria orgânica e contêm o impacto das chuvas fortes sobre a lavoura. Elas também ajudam a controlar o aparecimento de plantas daninhas e reduzem a compactação do solo.
Entre as mais indicadas para o verão estão:
- Mucuna;
- Crotalária;
- Feijão-de-porco;
- Guandu anão;
- Feijão miúdo;
- Teosinto;
- Milheto;
- Capim sudão;
- Sorgo;
- Trigo mourisco.
São espécies que se estabelecem bem no calor, têm crescimento rápido e são indicadas para sistemas de plantio direto e manejo sustentável entre uma safra e outra.
O que se cultiva no verão?
O verão é o período de maior concentração de culturas no Brasil por causa do clima favorável. As principais culturas de verão cultivadas no país incluem:
- Soja;
- Milho (1ª safra);
- Algodão;
- Arroz;
- Feijão.
Além dessas, dependendo da região e do perfil da propriedade, também são comuns o sorgo, o amendoim, o girassol, a cana-de-açúcar, hortaliças, frutas e pastagens. A escolha da cultura deve sempre considerar o clima local, a rotação adotada na fazenda e as oportunidades de mercado.
O que é planejamento de safra de verão?
O planejamento de safra de verão é o conjunto de decisões técnicas e estratégicas que o produtor toma antes de iniciar o ciclo produtivo. Ele envolve a análise de solo, a definição das culturas, a escolha das sementes, a previsão de compra de insumos, o preparo de maquinário e a análise de risco climático.
Planejar bem a safra é o que viabiliza que o agricultor possa antecipar problemas, diminuir os custos e aumentar a eficiência em cada etapa da lavoura:
- Avaliar o histórico da área (produtividade, pragas, doenças);
- Escolher o cultivar mais adequado à região e ao sistema produtivo;
- Definir a janela de plantio com base em previsões climáticas;
- Calcular a quantidade necessária de insumos e fazer as aquisições com antecedência;
- Programar operações de plantio, tratos culturais e colheita com base em logística e disponibilidade de recursos.
Um planejamento bem-feito transforma uma safra promissora em uma safra rentável, sustentável e tecnicamente eficiente.
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