Conheça quais são os principais tipos de inseticidas agrícolas

Conheça quais são os principais tipos de inseticidas agrícolas

Quando você detecta o avanço de uma praga na lavoura, sabe que precisa agir rápido, mas há dezenas de tipos de inseticidas agrícolas — todos prometendo resultados. Então, qual deles vai, de fato, resolver o problema, sem colocar em risco o ciclo da cultura e o investimento da safra? 

Inseticida não é tudo igual. Por isso, mais do que saber o nome do princípio ativo, é preciso saber como cada grupo químico atua, o que ele faz no organismo da praga, quando usá-lo e como alternar os produtos corretamente. Só assim é possível ter um manejo eficiente, capaz de prevenir resistência, desperdício e falhas no controle. 

Para te ajudar, reunimos neste conteúdo os principais tipos de inseticidas com explicações detalhadas sobre o seu funcionamento e indicações, e também preparamos um infográfico para facilitar a sua consulta no dia a dia. Acompanhe a leitura até o fim! 

Inseticidas agrícolas: como eles funcionam?

Cada tipo de inseticida agrícola tem um modo de ação específico de ação sobre a praga, que determina seu desempenho, o tempo de controle e a frequência de reaplicação. Quando a escolha é equivocada, o controle da praga pode falhar, sobram resíduos desnecessários na lavoura e ainda se favorece o surgimento de resistência nas próximas gerações do inseto.

Veja os principais modos de ação usados no campo:

  • Contato: o inseticida é aplicado diretamente sobre as pragas ou nas superfícies por onde elas circulam. A praga é atingida tanto no momento da aplicação quanto ao caminhar sobre a área tratada, absorvendo o produto pela cutícula, o que leva à sua morte;
  • Ingestão: a praga consome partes da planta tratada e absorve o ingrediente ativo pelo sistema digestivo, causando intoxicação e morte;
  • Fumigantes: o inseticida é liberado em forma de gás e é absorvido pelas vias respiratórias do inseto.

É importante dominar esses modos de ação para montar um programa de manejo mais inteligente, combinando diferentes produtos ao longo do ciclo da cultura para manter o controle das pragas e preservar a eficiência dos defensivos a longo prazo.

Saiba como é a composição de um inseticida agrícola

Cada produto é desenvolvido com uma combinação de elementos que definem sua segurança e facilidade de aplicação. Para entender o comportamento do defensivo na planta e no ambiente, é preciso conhecer essa composição.

De forma geral, os tipos de inseticidas agrícolas são compostos por três componentes principais: ingrediente ativo, substâncias inertes e adjuvantes. Saiba qual é a função de cada um deles.

Ingrediente ativo

O ingrediente ativo é o componente responsável pelo controle da praga. É ele quem interfere no organismo do inseto e compromete funções vitais, como o sistema nervoso, digestivo, respiratório ou o desenvolvimento.

A escolha do ingrediente ativo deve considerar a praga-alvo, a cultura, o nível de infestação e o estágio do ciclo da praga. No rótulo do produto, essa substância aparece com destaque e acompanhada de sua concentração.  

Substâncias inertes

As substâncias inertes, também chamadas de excipientes, não têm ação direta sobre as pragas, mas servem como suporte físico ou químico para que o produto tenha boa solubilidade, estabilidade e seja fácil de aplicar.

São esses componentes que ajudam o inseticida a se dispersar com uniformidade na calda e aderir melhor às superfícies das plantas. Alguns exemplos de substâncias inertes são os solventes, os agentes dispersantes e os estabilizantes, que também contribuem para a preservação do produto durante o armazenamento e reduzem riscos no manuseio.

Adjuvantes

Os adjuvantes são aditivos que podem ser incorporados à formulação do inseticida ou adicionados na hora da pulverização. Eles não atuam diretamente no controle da praga, mas potencializam a ação do  produto, melhorando a distribuição, penetração e fixação do ingrediente ativo nas plantas.

Entre os adjuvantes mais utilizados estão os espalhantes, umectantes, surfactantes e agentes antiespuma. A seleção do adjuvante adequado depende da formulação do inseticida, do tipo de cultura e das condições ambientais. 

Conheça os principais grupos químicos de inseticidas agrícolas

Os inseticidas agrícolas são classificados pelos modos de ação e pelo grupo químico ao qual pertencem. Cada grupo tem características específicas quanto à forma de controle, espectro de ação e risco de resistência. Conhecer essas diferenças ajuda o agricultor a montar programas de manejo mais eficazes e sustentáveis.

Conheça os grupos químicos mais utilizados no manejo de pragas em culturas de grãos, como atuam e em quais cenários são mais indicados.

Carbamatos

Os carbamatos são inseticidas que atuam no sistema nervoso das pragas. Seu modo de ação consiste em inibir a enzima acetilcolinesterase, que é responsável por interromper os impulsos nervosos. Quando essa enzima é bloqueada, a transmissão dos sinais nervosos fica descontrolada, levando à paralisia e morte do inseto.

São produtos de ação rápida contra lagartas, percevejos e outras pragas mastigadoras e sugadoras. Uma das vantagens dos carbamatos é o seu baixo residual no solo, que reduz impactos ambientais e favorece o uso em sistemas de manejo mais equilibrados.

Por terem efeito intenso, mas não muito prolongado, os carbamatos geralmente são usados em momentos de pressão elevada da praga, em combinação com outras tecnologias.

Piretroides

Os inseticidas do grupo dos piretroides são derivados sintéticos das piretrinas, compostos naturais extraídos do crisântemo. Eles agem sobre o sistema nervoso dos insetos, desregulando os canais de sódio das células nervosas e causando hiperatividade, paralisia e morte.

São amplamente usados na agricultura devido à ação rápida, com amplo espectro de controle e baixa toxicidade para os mamíferos. No entanto, a eficácia pode ser limitada em infestações severas ou quando usados repetidamente.

Os piretroides atuam por contato e ingestão, e são recomendados para o controle de pragas como lagartas, percevejos e mosca-branca, em especial nas aplicações de cobertura total.

Diamidas

As diamidas representam uma das classes mais modernas de inseticidas, com modo de ação altamente específico: elas ativam os receptores de rianodina nas células musculares dos insetos, provocando uma liberação descontrolada de cálcio, que leva à paralisia muscular e, em seguida, à morte da praga por exaustão.

Um dos principais diferenciais das diamidas é a ação prolongada e seletiva, com impacto mínimo sobre inimigos naturais e grande desempenho no controle de lagartas, em particular nas culturas de soja, milho e algodão.

A seletividade viabiliza seu uso em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP), combinando controle químico e biológico, sem prejudicar o equilíbrio da lavoura.

Organofosforados

Os organofosforados são inseticidas de ação neurotóxica, com atuação similar à dos carbamatos: eles inibem a enzima acetilcolinesterase, impedindo o controle dos impulsos nervosos nos insetos. A consequência é a morte por sobrecarga do sistema nervoso.

Esse grupo é conhecido pela eficiência e rapidez no controle de pragas, e recomendado para percevejos, mosca-branca, ácaros e lagartas. São produtos que exigem atenção especial quanto à dosagem e ao intervalo de segurança, devido à sua toxicidade relativa.

Quando utilizados corretamente e em rotação com outros grupos, os organofosforados são aliados importantes no manejo e ajudam a preservar o resultado dos demais inseticidas no sistema.

Neonicotinoides

Os neonicotinoides atuam sobre o sistema nervoso central dos insetos, ligando-se aos receptores nicotínicos da acetilcolina. Esse vínculo provoca a estimulação contínua dos neurônios, levando à exaustão nervosa, paralisia e morte da praga.

Esse grupo é reconhecido pela ação sistêmica, sendo absorvido pelas raízes ou folhas e transportado pela seiva da planta. Por isso, oferece proteção prolongada e é altamente eficaz contra pragas sugadoras, como pulgões, mosca-branca e percevejos.

Os neonicotinoides podem ser aplicados via tratamento de sementes, pulverização foliar ou aplicação no solo. Sua versatilidade e residual fazem deles uma ferramenta importante para o controle inicial de pragas, especialmente nas fases jovens da cultura.

Para manter a eficácia, é fundamental utilizá-los com critério, dentro de programas de rotação de grupos químicos, evitando o uso repetido em múltiplas safras.

Benzoilureias

As benzoilureias pertencem ao grupo dos reguladores de crescimento de insetos, com ação específica sobre a síntese de quitina, substância responsável pela formação do exoesqueleto. Ao inibir esse processo, o inseticida impede que a praga complete a muda, levando à sua morte nos estágios jovens.

Por não atuarem de forma letal imediata, as benzoilureias são indicadas para o controle de lagartas e brocas em fase inicial, quando o impacto no desenvolvimento é mais efetivo.

Entre seus principais diferenciais estão a alta seletividade, o baixo impacto sobre inimigos naturais e a compatibilidade com o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Seu uso exige acompanhamento técnico rigoroso, sobretudo em relação ao momento de aplicação, para que o inseto esteja na fase de desenvolvimento mais vulnerável ao produto.

Confira abaixo o infográfico que preparamos com os principais grupos químicos de inseticidas agrícolas, seus modos de ação e culturas recomendadas.

Critérios para escolher o melhor inseticida agrícola para sua lavoura

Conforme a agrônoma Larissa Guzzo Teixeira, que integra a equipe de Marketing Estratégico e Portfólio da Alta Defensivos:

“A escolha do melhor inseticida deve considerar diversos aspectos da lavoura e da praga-alvo, como o estágio de desenvolvimento da cultura, a variedade plantada, o tipo e o comportamento do inseto presente na área, além da intensidade da infestação e do histórico fitossanitário da região”.

Abaixo, explicamos os principais critérios técnicos que você deve considerar antes de definir o inseticida mais adequado.

Tipo de praga e grau de infestação

Não basta saber que há um dano na lavoura, é preciso saber quem está causando esse dano. Cada inseto tem um comportamento distinto: há pragas que se alimentam diretamente da folha, outras que atingem a parte reprodutiva da planta e algumas que sequer são visíveis a olho nu nos estágios iniciais. O reconhecimento inicial define o alvo biológico e orienta a escolha do grupo químico.

O grau de infestação também altera completamente a estratégia de controle. Em infestações iniciais e pontuais, é possível priorizar inseticidas mais seletivos ou de ação residual prolongada. Já sob alta pressão populacional, o foco deve estar em ativos com efeito de choque e ação rápida, capazes de controlar surtos antes que comprometam a produtividade. 

O monitoramento contínuo da lavoura, com armadilhas e inspeções em campo, é a base para essa tomada de decisão.

Etapa do ciclo de vida da praga

Um erro frequente é aplicar o inseticida certo, mas no momento errado. E isso acontece quando o ciclo biológico da praga não é considerado. Insetos em estágios jovens (ovos e larvas recém-eclodidas) geralmente são mais vulneráveis, enquanto os adultos exigem moléculas com maior poder de ação ou combinação de tecnologias.

Os reguladores de crescimento, por exemplo, têm excelente desempenho sobre populações jovens, porque interrompem o desenvolvimento do exoesqueleto. Mas quando a praga já atingiu o estágio adulto e está causando danos diretos, são recomendados os neurotóxicos em aplicações de choque.

Sincronizar o tipo de inseticida com o estágio do inseto é uma estratégia que aumenta a efetividade do controle e reduz o número de aplicações necessárias.

Tipo de cultura e etapa de crescimento

Cada cultura tem um nível diferente de tolerância ao ataque de pragas. Soja, milho, algodão, hortaliças apresentam fases críticas em que o dano de uma praga, mesmo que em baixa densidade, representa perdas significativas. Por isso, aplicar um inseticida sem considerar o estágio fenológico da cultura pode comprometer tanto o controle da praga quanto a fisiologia da planta.

Também é indispensável verificar se o produto está registrado para a cultura em questão, visto que os produtos não autorizados podem deixar resíduos acima do limite permitido, comprometer exportações e certificações.

Vale destacar que diferentes cultivares têm variações genéticas que influenciam sua resistência ou atratividade para pragas específicas, pedindo ajustes no manejo a essas características para prevenir problemas e proteger o potencial produtivo desde o início do ciclo.

Converse com especialistas para acertar na escolha do inseticida

Nenhuma decisão deve ser tomada apenas com base em tentativa e erro, especialmente quando o assunto é controle de pragas. A escolha do inseticida adequado envolve o entendimento da dinâmica da praga, do momento da cultura, do histórico da área e das exigências técnicas de cada produto. Por isso, ter acesso à orientação especializada impacta no resultado da lavoura.

Mais do que recomendar um produto, um bom especialista ajuda a montar uma estratégia completa de manejo. Ele avalia o nível de infestação, a pressão da praga ao longo das safras anteriores, o risco de resistência e a melhor forma de aplicação. A análise técnica reduz o desperdício, melhora o desempenho dos defensivos e protege a sanidade da lavoura no longo prazo.

A Alta Defensivos tem um portfólio completo de inseticidas para diversas culturas e tipos de praga, com produtos de diferentes grupos químicos e modos de ação. Nossa equipe está pronta para oferecer recomendações personalizadas, com base nas características da sua lavoura. 

Acesse a nossa página de produtos, conheça as soluções disponíveis e conte com o apoio de quem entende do campo para tomar decisões mais seguras e eficientes.

Perguntas comuns sobre tipos de inseticidas agrícolas

Mesmo com experiência no campo, é natural que surjam dúvidas sobre o uso correto dos inseticidas. Afinal, estamos lidando com uma ferramenta técnica, que exige atenção a vários detalhes, como vimos ao longo deste conteúdo. Confira algumas das perguntas mais frequentes, com respostas práticas e diretas.

Como escolher inseticida agrícola?

Saber qual é a praga, em que fase do ciclo ela está e qual o histórico da área são etapas indispensáveis para definir o produto correto. A seguir, veja os principais pontos a considerar:

  • Saiba exatamente qual inseto está atacando e confirme se o produto é indicado para a cultura em questão.
  • Verifique se o produto está registrado no MAPA e siga as recomendações da bula quanto à dosagem e segurança.
  • Avalie o estágio da cultura, a pressão da praga e as condições da área.
  • Escolha o tipo de formulação mais adequado e planeje a aplicação conforme o clima e a estrutura disponível.
  • Conte com orientação técnica para alinhar todas essas variáveis e evitar falhas no controle.

Como os inseticidas agrícolas são classificados?

Os inseticidas são classificados de diversas formas, mas uma das principais leva em conta a sua estrutura química e agrupa os produtos em três grandes categorias:

  • Inseticidas de origem vegetal: derivados de plantas, como as piretrinas naturais extraídas do crisântemo;
  • Inseticidas inorgânicos: compostos simples como enxofre, arsênio e fluoretos, menos comuns na agricultura moderna;
  • Inseticidas organossintéticos: são os mais utilizados atualmente, obtidos por síntese química em laboratório, com estrutura elaborada e alta seletividade.

A classificação química é fundamental para planejar a rotação de mecanismos de ação e minimizar o surgimento de resistência.

Quais são os tipos de inseticidas agrícolas organossintéticos?

Dentro dos organossintéticos, que representam a maior parte dos inseticidas agrícolas modernos, destacam-se quatro grupos principais:

  • Organoclorados: hoje em desuso em muitos países por questões ambientais, mas historicamente importantes;
  • Organofosforados: atuam como inibidores da acetilcolinesterase e são recomendados para uma grande variedade de pragas;
  • Carbamatos: com ação semelhante aos organofosforados, mas com menor persistência ambiental;
  • Piretroides: agem rapidamente no sistema nervoso dos insetos e têm baixa toxicidade para mamíferos;
  • Neonicotinoides: agem nos receptores nicotínicos da acetilcolina, causando sobrecarga no sistema nervoso central, sendo eficazes contra pragas sugadoras;
  • Diamidas: atuam sobre os receptores de rianodina nas células musculares, levando à paralisia por exaustão. São seletivas e têm ação prolongada, especialmente eficazes no controle de lagartas.

A rotação entre diferentes classes ajuda a prolongar a eficácia dos inseticidas e reduz os riscos para o sistema produtivo.

Leia mais

Quais são as principais doenças da bananeira?

Quais são as principais doenças da bananeira?

A cultura da banana é, sem dúvida, uma das mais tradicionais e presentes em propriedades agrícolas de todo o Brasil. Muita gente costuma dizer que…

Culturas de Verão: principais cuidados pré e pós-plantio

Culturas de Verão: principais cuidados pré e pós-plantio

Quando falamos em culturas de verão, estamos nos referindo a um momento decisivo no calendário de quem produz. É nesse período que entram as lavouras…

Como plantar arroz? Conheça os sistemas de cultivo e dicas de manejo

Como plantar arroz? Conheça os sistemas de cultivo e dicas de manejo

Quem trabalha com arroz sabe: não existe espaço para erro no início da safra. O sistema de cultivo, o preparo do solo, a escolha da…