Como plantar arroz? Conheça os sistemas de cultivo e dicas de manejo

Quem trabalha com arroz sabe: não existe espaço para erro no início da safra. O sistema de cultivo, o preparo do solo, a escolha da cultivar, o manejo da água – cada decisão define o que vem pela frente. Não se trata só de “saber como plantar arroz”, mas de entender o que realmente funciona para a sua área, o seu solo e a sua realidade de produção.
A estimativa da Conab para a safra 2024/25 aponta uma produção superior a 12,3 milhões de toneladas, o maior volume das últimas oito safras. O plantio de arroz no Brasil segue em expansão, com aumento de 5,6% nas áreas de arroz irrigado (1,35 milhão de hectares) e 21,5% no arroz de sequeiro (394 mil hectares).
A lavoura de arroz irrigado, inclusive, representa a maior parte da produção nacional, com destaque para estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O crescimento é resultado de uma combinação entre bons preços, clima favorável e decisões técnicas mais assertivas no campo.
No artigo de hoje, vamos explicar como é o plantio de arroz, quais são os principais sistemas usados no país, quando ocorre a época de plantio de arroz no Brasil, e quais práticas realmente elevam a produtividade da lavoura. Também preparamos um infográfico exclusivo com as etapas do plantio de arroz, para ajudar você a se planejar com mais eficiência. Boa leitura!
Qual a época do plantio de arroz no Brasil?
A escolha da época de plantio é um dos fatores mais importantes para o bom desenvolvimento da cultura. No caso do arroz, esse cuidado é ainda mais estratégico, já que o ciclo da planta é altamente sensível à temperatura e, principalmente, à disponibilidade de água (fator decisivo no plantio de arroz irrigado).
A época de plantio de arroz no Brasil varia conforme o sistema adotado, o clima local e o tipo de solo. Veja as indicações por região:
- Região Sul (sistema irrigado)
- Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná
- Período recomendado: setembro a dezembro
- Condições ideais: áreas planas, sistematizadas, com boa oferta de água e temperaturas médias superiores a 20 °C.
- Regiões do Cerrado (sistema sequeiro)
- Estados: Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Distrito Federal
- Período recomendado: outubro a janeiro
- Condições ideais: solo bem drenado e início do período chuvoso, com umidade suficiente para germinação e desenvolvimento inicial.
- Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (irrigado ou sequeiro)
- Sistema adotado: depende da infraestrutura disponível e da variabilidade climática local
- Período recomendado: julho a janeiro, conforme o regime de chuvas e capacidade de irrigação
- Observações: o planejamento deve considerar o zoneamento agrícola e as previsões climáticas locais.
A escolha da cultivar e seu ciclo (superprecoce, precoce, médio, tardio ou muito tardio) também influencia o calendário da lavoura. Por isso, é fundamental alinhar todos esses fatores no planejamento.
Quais estados são os maiores produtores de arroz no Brasil?
A produção de arroz está presente em praticamente todo o território brasileiro, mas é concentrada em algumas regiões específicas que reúnem clima, solo e estrutura adequados para a cultura.
De acordo com dados de 2024 do IBGE, os maiores produtores de arroz do Brasil são:
- Rio Grande do Sul: 7,66 milhões de toneladas
- Santa Catarina: 1,18 milhão de toneladas
- Tocantins: 568 mil toneladas
- Mato Grosso: 316,4 mil toneladas
- Maranhão: 165,5 mil toneladas
- Paraná: 139 mil toneladas
Qual a diferença entre o plantio de arroz irrigado e plantio de arroz sequeiro?
A escolha entre o arroz irrigado e o arroz sequeiro vai depender de fatores como:
- Disponibilidade de água;
- Tipo de solo;
- Perfil do produtor.
Embora ambos os sistemas sejam viáveis, eles exigem estratégias e manejos distintos, como você verá a seguir.
Cultivo irrigado
O plantio de arroz irrigado é o sistema mais utilizado no Brasil, representando cerca de 80% da produção nacional. Ele exige áreas planas, com infraestrutura para sistematização e controle da água, geralmente através de quadros ou taipas.
As principais vantagens do cultivo irrigado são:
- Maior produtividade por hectare, até 3 vezes mais que no sistema de sequeiro;
- Ambiente mais estável para o desenvolvimento da planta, com controle de temperatura e umidade;
- Menor pressão de plantas daninhas terrestres, devido à presença contínua de água;
- Menor lixiviação de nutrientes e controle do pH, que favorecem o crescimento e o enchimento dos grãos.
A irrigação, além de garantir o suprimento hídrico, também ajuda na termorregulação da lavoura, reduz perdas por estresse climático e promove um ambiente mais favorável ao desenvolvimento da planta.
Para entender melhor como o arroz se desenvolve ao longo do ciclo irrigado, veja abaixo o infográfico com as principais fases da fenologia da cultura.

Cultivo seco
O arroz sequeiro, também chamado de arroz de terras altas, é plantado em áreas não irrigadas, geralmente no início da estação chuvosa, em regiões com altitudes médias e boa capacidade de retenção de umidade no solo. É muito utilizado na rotação de culturas, e vem ganhando força com o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas.
As vantagens do arroz de sequeiro são:
- Menor custo de implantação, sem necessidade de irrigação ou sistematização da área;
- Maior flexibilidade no uso de áreas, inclusive em regiões que não seriam viáveis para arroz irrigado;
- Possibilidade de integração com outras culturas, como soja e milho, dentro de sistemas de rotação.
Por outro lado, esse sistema apresenta maior risco climático, já que depende exclusivamente da chuva. A produtividade é mais variável e o controle de plantas daninhas é mais desafiador.
Qual é melhor?
A resposta depende do seu contexto de produção. O arroz irrigado oferece maior produtividade, mas requer investimento em infraestrutura e manejo específico. Já o arroz sequeiro é mais simples e barato de implantar, porém com rendimento mais variável. Confira a comparação abaixo:
| Região/Estado Principal | Sistema de Cultivo | Período Recomendado de Semeadura |
| Rio Grande do Sul | Irrigado | Setembro (2ª quinzena) a dezembro (1ª quinzena) |
| Santa Catarina | Irrigado | Agosto (a partir do dia 11) a janeiro (até dia 10) |
| Geral (Cerrado, etc.) | Sequeiro | Outubro a dezembro (podendo ir a janeiro) |
| Norte, Nordeste, Centro-Oeste | Irrigado | Varia conforme clima |
A Embrapa aponta que, quando bem manejada, a agricultura irrigada pode alcançar uma produtividade três vezes maior, em especial sobre o arroz sequeiro com irrigação por aspersão e pivo.
Como plantar arroz? 4 dicas para elevar a produtividade da lavoura
Para implantar uma lavoura de arroz, é preciso fazer escolhas técnicas em cada etapa e, principalmente, entender que a produtividade vem da soma de decisões bem executadas. Da escolha da área até o controle de pragas, tudo deve estar alinhado com o sistema de cultivo adotado e com as características da região.
Conforme Renato Martins, Gerente Comercial da Região Sul da Alta Defensivos, os resultados da safra começam a ser definidos muito antes da semeadura:
“Para aumentar a produtividade da lavoura de arroz, o produtor precisa estar atento a quatro pontos principais: primeiro, a escolha das cultivares e o manejo das sementes devem estar adequados à região e à época de plantio, sempre optando por sementes de alta qualidade. Segundo, é essencial adotar a rotação de culturas para melhorar o solo, intercalando com soja, milho ou pastagem. O terceiro ponto é o manejo da irrigação e o preparo do solo, respeitando o zoneamento agrícola e mantendo a lâmina de água adequada. E por fim, o manejo integrado de pragas e plantas daninhas faz toda a diferença na sanidade e produtividade da lavoura.”
A seguir, destacamos 4 pontos fundamentais que fazem a diferença na hora de plantar arroz com foco em produtividade e segurança:
Escolha a área de plantio e faça o preparo do solo
Um bom desempenho na lavoura depende diretamente da escolha do terreno e de um preparo bem feito. No plantio de arroz irrigado, é preciso contar com áreas planas e sistematizadas, que viabilizem o nivelamento do solo e a construção de quadros com taipas bem feitas para que a lâmina d’água seja uniforme e não haja desperdício hídrico e falhas de germinação.
Já no arroz de sequeiro, o foco está em terrenos com boa drenagem e capacidade de reter umidade, localizados em regiões com chuvas bem distribuídas ao longo do ciclo. Nesse caso, o preparo do solo deve preservar ao máximo a estrutura física e a matéria orgânica, especialmente quando se adota o plantio direto ou cultivo mínimo.
Independente do sistema, é necessário iniciar com uma análise de solo completa, corrigindo o pH (ideal entre 5,5 e 6,5) e ajustando a fertilidade conforme as exigências da cultura. Um solo bem corrigido e manejado é o ponto de partida para um arrozal mais equilibrado e produtivo.
Selecione a cultivar mais adequada para o tipo de plantio adotado
A escolha de variedades para arroz irrigado ou sequeiro deve levar em conta o ambiente, o ciclo da cultura e os riscos fitossanitários da região.
Cultivares para arroz irrigado geralmente apresentam maior potencial produtivo, mas exigem controle rigoroso de doenças como mancha-parda e brusone. Já as variedades para terras altas precisam ser mais resistentes ao estresse hídrico e adaptadas à sazonalidade das chuvas.
Vale considerar ainda o ciclo da cultivar – superprecoce, precoce, médio ou tardio -, e como ele se encaixa na janela de plantio da sua região. Cultivares de ciclo curto, por exemplo, são interessantes para quem deseja antecipar a colheita ou fazer uma segunda safra. Na dúvida, a melhor decisão sempre vem com o apoio de um técnico de confiança.
Defina o modo de plantio
No sistema de sequeiro, predominam o plantio direto e o cultivo mínimo, realizados em solo seco. O plantio direto, feito sobre palhada, preserva a umidade e a estrutura do solo, enquanto o cultivo mínimo permite um preparo mais leve, facilitando o controle inicial de daninhas e uniformizando a semeadura.
No sistema irrigado, o produtor pode escolher entre diferentes estratégias:
- Semeadura direta com sementes secas;
- Plantio com sementes pré-germinadas;
- Transplante de mudas.
A semeadura com sementes pré-germinadas é a mais comum, feita em solo previamente alagado, e ajuda a reduzir o arroz-vermelho, aumenta a taxa de emergência e melhora a uniformidade da lavoura. O transplante, embora mais trabalhoso, é usado em áreas de produção de sementes ou onde a pureza varietal é prioritária.
Fique atento às plantas daninhas e pragas
A pressão de daninhas e pragas é um dos maiores desafios no cultivo do arroz, e o controle começa antes mesmo da semeadura. No período de entressafra, é necessário realizar roçadas, dessecação e preparo antecipado da área para reduzir a infestação e facilitar o manejo no início do ciclo.
Invasoras como capim-arroz, arroz-vermelho, tiririca e capim-pé-de-galinha competem por nutrientes e luz desde os primeiros dias da lavoura. O uso de herbicidas seletivos, com rotação de mecanismos de ação, evita resistência e preserva o desenvolvimento das plantas. Nas áreas irrigadas, manter uma lâmina d’água estável também ajuda a sufocar as daninhas mais agressivas.
No controle de pragas, é recomendado adotar o manejo integrado (MIP): fazer monitoramento constante, agir no momento certo e usar o controle químico com critério. Pragas como broca do colo, cigarrinha-das-pastagens e gorgulho-aquático podem causar sérios prejuízos quando não identificadas a tempo.
Dúvidas comuns sobre como plantar arroz
Mesmo para os produtores mais experientes, surgem dúvidas no momento do planejamento. Afinal, o cultivo do arroz envolve decisões técnicas que mudam conforme o sistema adotado, o clima da região e as condições da área. Por isso, reunimos as perguntas mais frequentes para ajudar a evitar erros e ajustar o manejo ainda na fase inicial da safra.
Qual sistema de semeadura optar na plantação de arroz?
A escolha do sistema de semeadura depende diretamente do tipo de cultivo (irrigado ou sequeiro), do nível de mecanização da propriedade e da infraestrutura disponível.
No arroz irrigado, o método mais usado é o plantio com sementes pré-germinadas, feitas em solo inundado. O modelo favorece o controle de plantas daninhas e a emergência mais uniforme. Também é comum o uso da semeadura com sementes secas em solo seco, seguido do alagamento, ou, em áreas de produção de sementes, o transplante de mudas.
Já no arroz de sequeiro, predominam os sistemas de plantio direto ou cultivo mínimo, realizados em solo seco. O plantio direto, sobre a palhada, ajuda a conservar a umidade e reduzir custos. O cultivo mínimo, com preparo leve da camada superficial, é indicado para áreas com maior infestação de daninhas ou compactação superficial do solo.
Por que o arroz é plantado dentro da água?
No sistema irrigado, o arroz é cultivado com lâmina de água porque a planta tem alta tolerância à inundação, ao contrário da maioria das plantas daninhas. Essa característica cria um ambiente competitivo, no qual o arroz cresce com vantagem e as daninhas são suprimidas logo no início do ciclo.
A lâmina d’água também ajuda a regular a temperatura do solo, reduzir oscilações térmicas, e garantir suprimento hídrico constante durante as fases mais sensíveis da cultura, como o perfilhamento e a formação de panículas. Com isso, o ambiente fica mais estável, favorecendo o enchimento dos grãos e o rendimento da lavoura.
Vale lembrar que o arroz não precisa de água o tempo todo. O manejo da irrigação deve respeitar o estágio da planta, porque o excesso de lâmina pode ser tão prejudicial quanto a falta, especialmente nas fases finais de maturação.
Quanto tempo dura o plantio de arroz?
Em geral, o tempo médio entre a semeadura e a colheita vai de 100 a 150 dias, podendo ser mais curto em cultivares superprecoces e mais longo em variedades de ciclo tardio.
No arroz irrigado, o controle mais preciso das condições do solo e da irrigação gera ciclos mais uniformes, com colheita concentrada e maior previsibilidade. Já no arroz sequeiro, a distribuição das chuvas pode alongar ou encurtar o ciclo, exigindo atenção redobrada do produtor.
Eleve a produtividade do seu arrozal: conheça o portfólio da Alta
Do preparo da área até a colheita, cada etapa do plantio de arroz traz desafios que podem comprometer a produtividade se não forem enfrentados com técnica e precisão. E é aqui que a Alta Defensivos entra em campo: com um portfólio completo, pensado para oferecer controle real, resposta rápida e retorno no bolso.
Se a sua lavoura enfrenta doenças, mato resistente, pragas escondidas no solo ou pressão de invasoras logo no início do ciclo, aqui estão os aliados certos para virar o jogo:
- Seven: fungicida sistêmico com ação preventiva, ideal para controlar a mancha-parda (Bipolaris oryzae). Atua com firmeza nas folhas e protege o potencial produtivo da planta;
- Zafera: herbicida de dessecação com amplo espectro e formulação WG de rápida ação. Combate invasoras difíceis como capim-arroz, arroz-vermelho, tiririca, picão-preto, caruru, buva e guanxuma, preparando o terreno para uma lavoura limpa e vigorosa;
- Field: herbicida de pós-emergência, eficaz para controlar plantas daninhas que escapam da primeira aplicação. Garante uma lavoura menos competitiva e mais uniforme;
- Fipronil: inseticida com ação prolongada, especialmente eficiente contra o gorgulho-aquático (Oryzophagus oryzae). Protege a base da lavoura e assegura um estande mais forte e saudável.
Seja qual for o cenário, a Alta entrega soluções seguras, com desempenho testado e resultado comprovado no campo. Para plantar com mais confiança e colher com mais rentabilidade, conte com quem entende da sua realidade: confira todos os produtos da Alta Defensivos para o cultivo do arroz.
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