CEO do grupo Agrihold fala sobre o papel das distribuidoras no mercado brasileiro
Na última quinta-feira (2 de julho), Paulo Alves, CEO do grupo Agrihold, participou como palestrante do V Seminário Phytus+Elevagro Experience, abordando o tema dos desafios da distribuição para os próximos anos. Com 27 anos de experiência no mercado, sendo os últimos 18 no Grupo Agrihold -12 anos como líder da empresa Agrotec e desde 2012 até o presente momento como diretor executivo da Alta – a vivência no agronegócio paraguaio, que é um mercado muito competitivo, vêm trazendo cada vez mais bagagem para lidar com o mercado brasileiro.
Assim como no Brasil, as exportações agrícolas no Paraguai são fortemente baseadas na soja tendo 70% de produção, seguida pelo milho, trigo e arroz. Importância que se assemelha a do Brasil, com a diferença que a soja no mercado paraguaio chega a 10% do mercado brasileiro, aproximadamente 3 milhões e 200 mil hectares contra 32 milhões no Brasil.
Esse foco nas atividades agrícolas e o crescente aumento na produtividade abriu oportunidades para que mais empresas importadoras buscassem seu espaço no mercado paraguaio. Nos últimos 13 anos ingressam 26 empresas no mercado, totalizando atualmente 84 empresas.
Segundo Paulo Alves, os números do mercado Paraguaio são importantes porque de certa forma sinalizam como será o mercado brasileiro nos próximos anos. “No Paraguai há uma facilidade maior para abertura de registro, mas sabendo que aqui no Brasil a tendência é a redução na burocracia da legislação, com certeza veremos cada vez mais novas empresas ou até mesmo empresas da própria China com representantes aqui, vendendo diretamente ao consumidor final”, alerta Paulo.
Então qual é o futuro da distribuição no Brasil? Tudo indica que será a produtividade com rentabilidade. ”O que não falta são bons produtos no mercado e novas tecnologias voltadas a melhorias no campo, então a diferenciação estará em construir uma presença mais próxima com o produtor rural e a partir disso desenvolver soluções personalizadas”, defende Paulo.
Para Alves os pilares para aumentar a produtividade são: o ambiente, o qual não podemos controlar; a genética, que vem sendo aprimorada a cada ano; e o manejo do cultivo. ”É através da aplicação das melhores práticas agrícolas que o produtor, juntamente com um consultor, vão poder colocar em prática as estratégias mais adequadas para incrementar a produtividade das lavouras”, afirma Paulo.
É visto que muitas vezes não é possível plantar uma safra exatamente no dia que indica o calendário agrícola, então se não é plantada no mesmo dia, não sofre as mesmas variações previamente planejadas, como podemos tratar todas as lavouras da mesma forma? Aí é que entra a estratégia. “O produto pelo produto já não será mais o diferencial, e sim como você pode aproveitá-lo. Existem diversos caminhos para conciliarmos produtividade com rentabilidade, e conseguimos isso através da personalização do protocolo. Nesse sentido temos ajudado nossos clientes no Paraguai a criar um cenário de manejo ajustado, com combinação de produtos, época adequada para aplicação e monitoramento. Para se ter uma ideia já percebemos um aumento de 411 quilos de produtividade por hectare no último estudo que realizamos. E o mais importante: procuramos ajudar nossos clientes não apenas a incrementar a produtividade, mas também a assegurar um bom controle nos custos, porque sem isso não é possível rentabilizar uma operação. É fundamental ajudarmos o produtor no quesito rentabilidade, pois é assim que vamos sustentar o nosso crescimento e rentabilizar o negócio”, complementa Paulo.
De acordo com Paulo, o serviço vai ganhar força porque só produto e preço não são suficientes. ”Não adianta economizar em insumos, porque no final o produtor perde em produtividade. Os diferenciais das distribuidoras serão cada vez mais trabalhar em parceria com uma equipe bem treinada de agrônomos, que pode junto com o produtor rural, traçar a melhor estratégia para alinhar o custo total, que ele já iria realizar, mas com foco na melhoria da rentabilidade”, reforça Paulo.
“Se será em 5 ou 7 anos que veremos a concorrência no Brasil ficar ainda maior, não sabemos. Mas o que temos certeza, em razão da nossa experiência em um mercado altamente competitivo é que precisamos cada dia mais focar em gerar valor ao produto, para que o produtor perceba que aquele valor gasto pode trazer um retorno 3 ou 4 vezes maior. É esse tipo de conscientização que os canais e a distribuição têm que estar fazendo junto aos produtores”, finaliza Paulo.
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